" Jogou sua rede, ó pescador! Se encantou com a beleza desse lindo mar.
Dois de fevereiro é dia de iemanjá. Trago- te oferendas para lhe ofertar"
Iemanjá é reconhecidamente o orixá mais popular do Brasil. No candomblé é conhecida com a Yaori, que siginifica ' mãe das cabeças'
A pronúncia correta é: Yamonjá. Ya= mãe e Monjá= filhos peixes, ou seja, mãe cujos filhos são peixes.
Sua saudação é Odoyá! Odô= rio , ou seja, mãe do rio.
O candomblé é uma religião que baseia sua fé nos elementos da natureza que são representados em divindades chamadas Orixás. Iemanjá representa o mar.
Ontem, como faço há 11 anos desde a minha iniciação, fui a procissão da rainha do mar, que se concentra na Cinelândia e vai até a pça. XV.
Sempre me emociono. Acho lindo ver a ' negrada' nas ruas do centro do Rio, cantando e dançando macumba, com suas vestimentas, suas guias e, sobretudo, sua fé.
Quando a gente passa pelo Castelo eu sempre tenho a sensação que estamos ali retomando nosso espaço. Afinal, os descendentes de escravos foram postos pra fora daquele pedaço da cidade com a derrubada do Morro do Castelo pelo então prefeito Pereira Passos.
Todo dia 2 quando passo por ali me vem à cabeça: " Pereirão! Não adiantou, meu cumpadi! Sobrevivemos, apesar de você e da sua política de europeização, de embranquecimento."
Tudo corria bem quando surgiu o Carlinhos de Jesus com uma equipe do RJ TV para fazer uma ' entrada' ao vivo. Até aí, tudo certo.
O problema começou quando ele, o Carlinhos, colocou o balaio oferecido à Iemanjá, na cabeça e entrou na roda pra dançar.
Explico. O balaio não é simplesmente um presente. Ali também tem mandinga, feitiço, que é preparado por pessoas devidamente autorizadas pelos orixás, o que quer dizer que, só quem pode colocar a mão nele, é um iniciado na religião. Um filho-de-santo.
Alguém reclamou, outros reclamaram. Achando, obviamente, extrema falta de respeito tamanha fanfarronice. Estavam passando por cima da doutrina da religião em nome de alguns minutinhos no RJ TV.
Teve bate-boca. Teve dedo na cara. E dedo na cara do Carlinhos de Jesus. E teve também quem o defendesse. Disseram que ele era ' de candomblé' , que era ' filho de santo' e que, por isso tinha o direito de estar com o balaio na cabeça.
Bom. se ele é iniciado eu não sei. Eu sei que, em 11 anos eu nunca vi, nem ouvi falar, que aquele sujeito um dia esteve na procissão.
Também sei que, depois de toda a celeuma, Carlinhos de Jesus entrou num carro da Tv Globo, com ar condicionado e foi para a Pça. XV.
Se ele realmente é da religião deveria estar como todos nós, embaixo daquele sol, dançando ( não é isso que ele faz de melhor?), cantando e louvando a Mãe das Cabeças.
Resumo da ópera: Esse tal de Carlinhos de Jesus é um fanfarrão! Nunca me enganou!
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