" A nêga vai reclamar, isso pra mim é normal. Toda segunda- feira tem roda de samba na Pedra do Sal" ( Mingo, Marquinhos Diniz e Chiquinho Vírgula)
Ontem, estava eu, mais uma vez,batendo ponto no Samba da Pedra do Sal.
O tempo estava quente, a cerveja gelada mas o frango com quiabo e polenta estava morno. Ferimentos leves.
Do alto da pedra, " urubuservando a situação" como diria Chico Szience, me dei conta do quão carioca é esse evento. O Samba da Pedra do Sal tem a cara do Rio de Janeiro em todos os aspectos.
A começar pelo dia: Segunda- feira. Isso lá é dia de samba? É. Por isso mesmo, é muito comum ver os frequentadores com ' beca de escritório', mochila nas costas, todos com cara de que contaram as horas o dia inteiro para aplicar la fuga do batente rumo ao samba. Todos com cara de escravos fujões que encontraram o quilombo.
"Mas segunda- feira também tem samba do trabalhador!" Alguém vai lembrar. Mas o da Pedra do Sal tem três diferenças extremamente relevantes:
Primeiro. É de graça. E isso faz toda a diferença. Ninguém precisa esperar chegar o dia do pagamento pra comparecer. É só chegar. E isso deixa todo mundo em pé de igualdade. Você encontra o advogado renomado, o auxiliar de serviços gerais, a secretária bilingue, o office- boy, todo mundo no mesmo bolo. Junto e misturado. Toda segunda- feira.
Segundo. A localização. É no centro do Rio, o que facilita a vida de muita gente. Quem trabalha nas imediações da Pça. Mauá, início da Rio Branco, Presidente Vargas, vai a pé. Tranquilo. A moçada já chega de latinha na mão. Veio andando, bebericando, falando mal do chefe e bem da secretária gostosa. Tem gente do subúrbio, da Baixada, da Zona Sul, da Zona Oeste. E nesse período pré- carnaval, tem gente do mundo inteiro. Ontem estavam lá, cerveja e câmera digital na mão, um grupo de japonesas.
Terceiro. A energia do lugar. A Pedra do Sal é quase um orixá. Uma entidade. A história do samba passa por ali e isso já motivo mais que suficiente pra que eu me emocione toda vez que piso naquela escadaria. Falar de todos os moradores e frequentadores ilustres, de todas as casas importantes demandariam três ou quatro textos.
Quem não foi, por favor, vá! Vá pra ver, encarnado em todos os presentes, o que popularmente se chama de " espírito do Carioca"
Claudinho, meu irmão, na próxima segunda, vou passar aí na Rádio pra pegar o cd e depois: Samba e cerveja. Já sabe onde, né?
Ah. A foto aí em cima é do meu amigo Ruy. Valeu, Ruy!
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